sábado, 20 de novembro de 2010

Temple Grandin, a autista Ph.D

Temple nasceu autista, coisa que na época ninguém conhecia muito bem. Seu jeito peculiar de pensar e seu comportamento antissocial e agressivo eram mal vistos por professores e colegas de escola na infância. Frequentemente brigava com outras crianças. Ela tinha dificuldade de aprender certas coisas, porque as coisas para ela seguiam uma lógica particular. A única coisa que podia deixar Temple mais calma era um abraço forte, mas ela não conseguia dizer isso nem a sua mãe.

A necessidade inexpressa de ser abraçada deu a ela uma ideia fixa: ela tinha de construir a máquina do abraço. Dona de uma habilidade espetacular de visualizar formas que nunca tinha visto (Temple diz sempre que o autista pensa em imagens), ainda adolescente ela começou a projetar em sua mente um equipamento que fosse capaz de apertá-la até o alívio de suas tensões. E não sossegaria até pôr sua ideia em prática. “As fixações podem ser canalizadas para fins construtivos. Remover a fixação pode ser uma imprudência”, diz Temple em sua autobiografia Uma menina Estranha (Cia. das Letras, 1999).

Sem conhecimento técnico prévio, Temple desconfiou que o brete, um aparelho usado no manejo de gado, pudesse ser adaptado para ela. O brete era um aparelho rústico que, apertado ao corpo do animal, mantinha-o calmo antes do abate. Temple sabia que era disso que precisava. Então resolveu testar. Entrou no aparelho como se fosse um boi, puxou suas cordas e sentiu um alívio que desejara por anos. A partir daí, com o apoio de um professor no colégio rural em que estudava, Temple dedicou-se ao estudo do bem-estar animal, e também ao seu próprio. Anos mais tarde, após vários cursos superiores, tornou-se uma das maiores especialistas em abate humanitário, e também uma grande entenderora do autismo. “Paradoxalmente, era no matadouro que eu estava aprendendo a dar afeto”, escreveu Temple.

O filme conta toda essa história e ainda mostra como Temple via a realidade e as imagens em sua mente. A bela atriz Claire Danes ficou irreconhecível para encarnar Temple na telinha, mas, segundo a própria senhora Temple, que deu entrevistas direto do tapete vermelho no dia da premiação, ficou idêntica à original. Ainda não assisti, mas recomendo pela tremenda lição que Temple nos oferece sobre as riquezas que podem existir mesmo onde não estamos acostumados a enxergá-las.

Dados:
Revista Época

Cientistas britânicos avançam no diagnóstico do autismo

Cientistas britânicos no King’s College de Londres desenvolveram um sistema de exame cerebral, usando um scanner de imagens magnéticas por ressonância e imagens em 3 dimensões, que pode rapidamente diagnosticar o autismo.

Segundo os investigadores, esta nova forma de teste pode determinar, com 90 por cento de precisão, se uma pessoa tem alguma forma de autismo. Em apenas 15 minutos este novo scan cerebral mapeia as mudanças estruturais no cérebro dos pacientes, permitindo alcançar resultados mais rapidamente e com uma precisão 20 vezes maior.

A esperança é que a despistagem de perturbações do espectro autístico em crianças seja mais eficiente do que no passado. Mas, contudo, o método ainda não foi testado em crianças, o que deixa algumas reservas.

Os investigadores já deixaram claro que é necessário avançar na pesquisa antes que a técnica possa ser aplicada em larga escala e que a técnica não é passível de ter uma utilização generalizada antes de dois anos.

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